Eu já conhecia a História,
mas, no trabalho de limpeza do Açude Farias de Sousa, tive o privilégio de conversar com nosso amigo
Luiz Gonzaga Vieira (O Gonzaga do Sindicato) e me informar ainda melhor.
O mesmo fazia parte das
equipes de trabalhadores na construção do Farias de Sousa, o que chamávamos de
Bolsão, onde trabalhavam aproximadamente 600 pessoas. Relatou Gonzaga que certo dia, o mesmo
pediu ao seu feitor que fizessem uma tarefa com intuito dos trabalhadores saírem mais cedo, visto que,
muitos iam para suas residências a pé, e chegavam tarde em casa.
O feitor até aceitou, passou a tarefa, mas, deve ter comunicado seus
superiores. Quando menos esperavam, lá para as 14:00h, chegou um grupo de
policiais com armas em punho, e levaram Gonzaga e Antônio Fernandes (In
Memória) para a Delegacia, alegando que os mesmos estavam obstruindo os
serviços, possivelmente motivando rebelião. Nesse momento, meu pai (Sr. Luis Correia) conta que muitos trabalhadores fizeram gesto de se aproximar e foram ordenados pelos policiais a ficarem onde estavam, sob pena de serem recebidos à bala.
Os demais trabalhadores não se
contentaram com o ocorrido e vieram pra
frente da Delegacia, com suas
ferramentas de trabalho picaretas, enxadas, etc. O que causou
preocupação às autoridades, e imediatamente pediram reforço policial de
Crateús. Em defesa dos trabalhadores entrou na Causa o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, (Sr. Manoel Gregório, Olindino e outros) e também a Igreja, através da Irmã Cleide, grande líder, advogada, que não mediu esforços para resolver a situação, contou também com advogados de Crateús para fazer a defesa dos trabalhadores. Quem também participou da audiência foi o então Prefeito da cidade Manoelzinho Evangelista (In Memória).
Na Delegacia, hoje Presidio da
cidade, os mesmos foram interrogados pelas autoridades competentes. O Sr. Gonzaga relatou que ouviu falarem até em desterrar os mesmos para fora do País, o que lhe causou medo da morte. Mas, quando chegou um comandante regional, vindo de Crateús, Dr. Borges, as coisas se acalmaram, pois, o mesmo parecia ter bom coração e prezava pela coerência.
Fala-se que as autoridades
policiais queriam enquadrar os mesmos na Lei da Greve, que na Ditadura era
terminantemente proibido e severamente punido.
Mas, na boca da Noite, para
a felicidade geral dos novarussenses, os dois foram liberados, graças à Deus,
pois eram trabalhadores, cidadãos de bem, que apenas reivindicavam maneiras de
tornar o serviço mais humano e, quase caiam nas garras da Ditadura.
Colaboração do amigo Gonzaga
do Sindicato Rural.
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Deusimar do Sindicato Rural, Márcio e Luizinho LIONS, Gonzaga (Sindicato) e Sr. Luis Correia |
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